domingo, 30 de agosto de 2009

A Palavra

Dorme a palavra
no escuro
na boca.

Fechado o farol,
acesso o silêncio.

O poeta trafega
aéreo
no trânsito
etéreo
na multidão.

Sonha
um poema
em cores.
Na prosa
nos lábios
no som.


Livre, salta
a palavra
na pauta.

Culta,
louca
e cauta,
cáustica é a palavra,
dormindo,
delira amor.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Faces

Teu espírito
luz tarde
chegando
a Deus.

Criança
cantando
um verso
acordando
a mãe.

Um espectro
solitário a girar
entre galáxias.

Um nada
ébrio
de tudo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dos Anjos Passos




Segue
a linha
Dos Anjos
Pas/sos
no horizonte
belo?

Além
Um trem elétrico
mineiro
eclético
torpe
poético
passa
o som
amém.

domingo, 23 de agosto de 2009

Quero

Quero a vida em plumas,
verdes, azuis e rosas.

Quero o céu,
quero o mar.
quero tudo.

Ó, alma!

Quero pular
e cantarolar.

- Larilaralá!

Ó, vida!

Quero cantar
a rima fácil
e saltitar alegre.

Ser pássaro,
soltar o som
das cores
nas ondas do ar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Depois

Guardam espelhos
o olhar de Buda
e Jesus Cristo.

Depois das ondas,
todas as flores,
azuis e verdes.

Nos sapatos
o vai-e-vem da vida.

Nas ladeiras,
depois do olhar,
beber estrelas.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Rua

Numa rua,
um poeta é náufrago.
De amores,
sonhos
e palavras.

Numa esquina,
passa uma batucada,
Pessoas falam.

Em círculos,
formigas picam
as patas dos cães.

Numa árvore, um pássaro.

À sombra,
a poesia escreve.
Nasce uma flor.

sábado, 15 de agosto de 2009

Blackout


Blackout

Desconhecia o princípio
das horas de febre e lágrimas.

Amores choraram ciúmes,
soltaram-se,
derramaram-se
em palavras.

Vagarosas,
passaram-se as horas.

Sem respostas às dádivas,
a vida tecia dúvidas
barulhando na alma.

As marcas do horizonte
ficaram na tua pele.
O céu e o sol
refletiam teus olhos
nos rituais de guerra.

Ao celebrar a vida,
teu suor regava
flores e pastos.

Em êxtases,
lambias os lábios dos dragões,
sorvias o calor e a fúria dos guerreiros.

Na tua ausência, não choramos.
Semeamos tuas sementes,
recolhemos teus frutos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma lua assim

Um não ao sim
escreve teus olhos.
Estalam nervos e ovos
sobre a mesa.

A estampa nas toalhas
escondem as rosas.

Roupas velhas e escuras
não leva o vento,
seca somente
as flores nos quintais.

Não sei se acordas
segunda-feira,
vento manhã,
poemas amassados
deixados na gaveta.

domingo, 9 de agosto de 2009

Eva


Eva

no olho
da ave

a nave
breve.

te levo
te guardo

à chave
e chuva


enlevo
élan
Eva
ao sol.

A Pressa

A pressa
apressa
a presa.

A pressa
esquece
a hora.

A prece
ex
pressa
a massa.

a prece
ex
pressa
um terço.

A prece
aquece
a calma.

sábado, 8 de agosto de 2009

Rodrigando

Um moinho
move um dia.

A vida
cospe
passa
tosse
dentro
e fora.

Mira-se
move-se.
Vira-se ave
ou ninho.

Ondas
movem-se.

Namora
o céu
o mar
o rio.

Segue o sol
a verde aurora
viva a flor a
dentro e fora.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Rodri/ando

Num mês de cachorro
manco e rouco
me late um dia dois.

Guardar

Guardar a pedra
ouvindo a chuva.

A natureza,
imitá-la,
vivê-la,
ouvi-la.

Saber pássaros
e sereias.
Ouvir
o vai-e vem
dos vaga-lumes
.

Imagens em círculos,
no voo das borboletas
guardam invernos.

Olhares Abertos
sonham primaveras.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sol/Ela

Sol/Ela

Uma estrela
clamava
alegria.

A
h!
ora
ia.

Um fio de luz
na janela
um sol
ao meio-dia.

Não anjo,
nem Deus.
Só ela
soluçava
nostalgia.

sábado, 1 de agosto de 2009

Poemínimo

Pássaros voam

Ouvem ondas

Bebem sol

após o mar.